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FEBRE MACULOSA – A doença que vitimou Padre Eustáquio

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Nos últimos dias, uma doença vem tomando espaço nos meios de comunicação de Minas Gerais, especialmente, na capital e na região metropolitana. A febre maculosa, transmitida pelo carrapato estrela, já foi a responsável por quatro mortes em Contagem, nas últimas semanas. Mas, não é de hoje que esta doença aparece pela região.

Em 1943, Padre Eustáquio vivia seu apostolado no bairro Celeste Império, (atual bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte). O lugar, considerado na época, periferia da Capital Mineira abrigava muitos lotes vagos, mato alto e animais grandes e pequenos que habitavam a região. Um deles era o tal carrapato, citado no livro de Padre Venâncio Hullselmans, “O Vigário de Poá”:

“Quem passeia pelo bairro “Celeste Império” da Capital Mineira, pisando o mal acabado calçamento de pedra da rua Pará de Minas, em direção a capela de “Cristo-Rei”, alegra-se com qualquer desvio ou atalho que o dispense de andar naquela estrada desigual, ainda que o trilho o leve pelo mato. Não deve, porém, ficar espantando se, depois de chegar a capelinha, sentir umas cocegas um tanto incomodas, pois, aquele mato vive crivado de carrapatos, nem sempre inofensivos. Dizem que, naquele bairro, há ou havia um foco de espécie de carrapato europeu, outrora importado por colonos alemães. E parasita perigoso, portador de uma doença fatal, o tifo exantemático.”

Tifo exantemático era o nome dado à doença aqui no Brasil à época. Depois começaram a usar Febre Maculosa, nome dado pelos americanos à mesma patologia. Trata-se de uma doença incomum causada por uma bactéria, que é transmitida pela picada do carrapato ou pelas fezes do piolho. Dentre os sintomas estão: febre, náuseas, dor de cabeça severa, dores musculares e falta de apetite.

E foi exatamente o que começou a sentir Padre Eustáuqio, no dia 22 de agosto, quando estava pregando um retiro para as alunas do Colégio Sagrado Coração. Os sintomas foram piorando até se agravarem na noite do dia 29, quando o bondoso padre aguardava a chegada de seu Superior, Padre Gil, para uma despedida, pois os médicos davam apenas mais algumas horas de vida ao padre enfermo. No livro, padre Venâncio também cita os últimos momentos de Padre Eustáquio:

“As nove horas do dia 30 entrou em agonia, conservando, porém, o uso das faculdades. Acompanhou as orações dos moribundos, perguntando com insistência pelo amigo. Parecia recusar a despedir-se da vida sem ter visto seu Superior e companheiro das primeiras lutas no Brasil, que finalmente, as dez e meia, chegou para alivio de quantos sentiam o visível interesse do moribundo.

Entrando no quarto, padre Eustáquio o reconheceu imediatamente; quis erguer-se, mas em vão.- “Padre Gil, Deo Gratias”(Graças a Deus), foi tudo que conseguiu dizer. Depois, um movimento convulsivo do rosto, uma reação do corpo inteiro, três suspiros profundos, e a alma de padre Eustáquio voara para Deus, a fim de receber o prêmio do seu incansável labor e da sua grande caridade.”

Fontes: “O Vigário de Poá” de Pe. Venâncio Hullselmans e Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo (ucen.sp.gov.br/atuac/maculo.html)
Fotos: Arquivo SSCC / Diário de Contagem

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